Festival Mix Brasil 2009 exibe 104 filmes até o dia 22
Mais enxuto, mas com mesmo caráter transgressor, mostra abre com 'Do Começo ao Fim', de Aluizio Abranches
Luiz Carlos Merten, de O Estado de S. Paulo
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Desde que surgiu, há 17 anos, o Mix Brasil tem agitado a bandeira da diversidade sexual. O sexo entre iguais, meninos e meninos, meninas e meninas, é uma realidade da vida que muitos ainda consideram antinatural. O objetivo não é estimular ninguém a sair do armário. O Mix Brasil abre a janela da sexualidade para melhor compreendê-la. A discussão faz parte do contexto. O filme sueco Patrick 1.5 apresenta um casal gay em guerra com o próprio filho adotivo - o garoto é homófobo de carteirinha. Casamento à Espanhola discute os prós e contras da união entre pessoas do mesmo sexo. E Pecado da Carne, bem-recebido em Cannes, em maio, foi visto com o estranhamento que produziria um Óvni em Israel. O filme trata da ligação íntima entre dois homens da comunidade ortodoxa israelense, um rabino que prepara a carne ritual e seu jovem funcionário. As lideranças ortodoxas do país disseram que o filme é uma ficção científica. O diretor Haim Tabakman provoca - diz que é o que eles pensam, ou gostariam de acreditar.
No total, serão exibidos 104 títulos, 42 longas e 62 curtas, dos quais 25 são brasileiros (7 longas e 18 curtas). O festival ficou mais compacto do que o do ano passado, explica sua diretora (desde 2003, embora já esteja ligada ao evento desde sua origem), Suzy Capó. No ano passado, o festival havia exibido cerca de 250 títulos, mas logo após houve a crise. A edição de 2008 já foi concluída num cenário meio apocalíptico, com a promessa de uma grave crise econômica internacional. Nesse quadro, Suzy e o comitê de seleção - não há propriamente uma curadoria - começaram a pensar num festival mais enxuto, justamente para garantir que, a despeito da crise, ele se realizasse. Foram realistas - o Mix Brasil de 2009 perdeu seu principal patrocinador em 2008 (a Petrobrás). Suzy admite que foi preciso sacrificar alguma coisa, e foi a produção talvez mais experimental.
Desde sua origem, o festival sempre teve esse compromisso com o experimentalismo e a transgressão. A transgressão foi mantida, até porque não se consegue pensar num Mix Brasil que não seja transgressor. No ano passado, o evento mostrou filmes feitos e exibidos em museus. Este ano, esta setorização extrema foi abandonada, mas Suzy segue trabalhando com a produção de "nicho". Ela prefere essa definição à de gueto, que o grande homenageado deste ano - o francês Jacques Nolot - utiliza na entrevista abaixo. Nolot chega hoje para exibir seus filmes e encontrar-se com o público. "Nicho não é exatamente gueto", diz Suzy. "No gueto, as pessoas são aprisionadas, e não é assim que nos sentimos." Um bom exemplo do que seja o nicho é fornecido pelo filme israelense, que lida com dois universos, o do homossexualismo e o dos ortodoxos judeus. Ela esclarece que formou uma distribuidora de filmes "de nicho", a Festival Filmes, para colocar essa produção nas telas comerciais. Dentro da Festival Filmes, existe um selo - Filmes do Mix -, que contempla a produção gay. De Repente Califórnia foi lançado por esse selo, como Pecado da Carne também será, no ano que vem.
Alguns filmes do 17º Mix Brasil passaram anteriormente na Mostra, mas Suzy acredita que a nova vitrine "adiciona significados". O festival não é exclusivamente de filmes. Sempre foi interdisciplinar, com um braço musical, o Mix Music, com shows, e este ano ainda consolida o Dramática, que dialoga com o teatro por meio de leituras dramáticas (no Museu da Língua Portuguesa e da Oficina Oswald de Andrade). A previsão é de que consiga manter e até ultrapassar o público do ano passado - 24 mil pessoas -, mesmo com menos programas (e salas - este ano, são três, para os filmes, Cine Olido, Unibanco da Augusta e CineSesc). Entre as atrações brasileiras, está o documentário Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, já exibido (e premiado) na Première Brasil do Festival do Rio e na Mostra de São Paulo.
Outras atrações nacionais - Meu Amigo Cláudia, de Dácio Pinheiro, recolhe seu título da crônica de Caio Fernando Abreu sobre a transformista Cláudia Wonder, que ficou famosa na cena underground da cidade, nos anos 1980. A atriz Grace Gianoukas e o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa dão depoimentos sobre a artista que foi travesti em Paris e participou de filmes pornô na Boca do Lixo. Tal Pai, Tal Filho - Uma História Capixaba, de Nanna Frank Moller, não promete fazer menos sensação, com sua história de um pai que se surpreende ao ver o filho regressar gay de uma viagem à Dinamarca. A partir de desta quinta, São Paulo vira capital da diversidade.
Confira os endereços:
CineSesc. Rua Augusta, 2.075, 3082-0213
Cine Olido. Av. São João, 473, 3397-0158
Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, 3871-7700
Espaço Unibanco. Rua Augusta, 1.475, 3288-6780
CCJ. Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, 3984-2466
Memorial da América Latina. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 644, 3823-4600
Museu da Língua Portuguesa. Praça daLuz, s/n, 3326-0775
Autorama. Pq. do Ibirapuera
Biblioteca Monteiro Lobato. R. Gal Jardim, 485, 3256-4122
2 comentários:
Noss véii eu ameii esse filme td dee boom recomendoo pra todos
Ameii esse filme o melhorr qee jaah assistii até agoraa
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