quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Auto-consciência

Quarta-feira marquei de tomar um café ali no Espaço Unibanco. Meu amigo queria me contar sobre um lance profissional. Gosto muito de conversas ao vivo,e acho bonito quando as pessoas fazem questão de me encontrar pra falar algo. Torna algo + especial.

Do profissional, claro que fomos pra seção relacionamentos e dali fui o acompanhando até a porta de sua casa aqui perto na r.Bela Cintra. Chegando na porta eu já estava cansada mesmo assim ele insistiu que eu subisse. OK, vou tomar um copinho d'água pra aguentar a subida de volta pra casa..são umas 4 quadras distante.

Ele divide apto com outra menina, que também é gay e passa por milhões de histórias e relacionamentos relâmpagos como nós. Geralmente ela está na casa da namorada, portanto nesses quase 2 anos que ele mora lá, nunca a encontro.

Ela veio pra sala. Oi, Boa Noite. Tudo bom? e aí a conversa começou..e o copo d'água q seria tomado em 5 minutos..viraram uns 10 copos tomados em 2 horas. Ficamos os três falando de amor, namoro, encantamento..o que será necessário para se apaixonar??
Comentei que estava lendo Madame Bovary do Flaubert. E numa parte do livro Rodolphe, falando sozinho ao andar de cavalo, comenta sobre sua paixão despertada por sra. Emma Bovary:
"É que ela tem olhos que entram no coração como uma pua." (pua= ponta aguda, pico, espinho)

Disse que já passei por isso, é um tipo de olhar que parece rasgar-me o peito e colocar o só o coração pulsando pro lado de fora, como se todos pudessem ouvir. Todos concordaram.
Continuamos racionalizando sobre fatores importantes que o objeto de amor e adoração deveria ter. Chegamos num ponto chave: AUTO-ANálise / crítica. traduzindo: PROFUNDIDADE e SIGNIFICADO.
Como somos todos questionadores por natureza se a pessoa não conseguir apronfundar a conversa pelo menos meio metro.. ficamos irritados.
No entanto, pontuou meu amigo observador, RARO são aqueles que descem mais q 10 centímentros numa conversa. QUe pensar é cansativo, refletir dói e a grande maioria apenas vive ligado no automático. sem perguntar os por quês de existir, do que quer, do que gosta e ter uma posição crítica SIM diante da vida.

Olhamos um pra cara do outro com cara de decepcionados :-(

QUe missão difícil encontrar pessoas especiais assim.
Entenda que não é uma postura arrongante q estou tendo aqui, apenas é o que se observa diariamente. estou errada??

Às vezes sinto que vivo no mundo paralelo da MAtrix. rs

A impressão que me passa é que de fato as pessoas NÃO SABEM quem elas são. Considero isso completamente assustador. Por outro lado, explica todo o caos que impera no mundo.
Ninguém tem que mudar o mundo, se acorrentar na frente de navios petroleiros e td mais.´
Creio que estamos nesse mundo pra EVOLUIR. Foi nos dado essa oportunidade de aprender, desenvolver habilidades e auto-consciência. Isso naturalmente irá mudar o ambiente que vc vive, as pessoas q convivem contigo..e isso vai reveberando. É isso que torna o mundo melhor. Apurar a perceção a fim de tornar cada ato, cada palavra SIGNIFICANTE. Dar peso e importância à tudo. Uma delicadeza no tratar, uma firmeza no corrigir, uma seriedade no trabalhar.
Atualmente tento reunir mais cabeças pensantes assim para emanarmos todos bons pensamentos pro universo. Mais ALguém se interresa?
Pra citar Fernando PEssoa: QUEM NÃO VÊ BEM UMA PALAVRA, NÃO PODE VER BEM UMA ALMA.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A criação da mulher feminina

O livro que leio atualmente é tão bom e básico, que sinto uma enorme e irresistível vontade de postar trechos aqui. Trata de um tema q amo, gênero e papéis sexuais. Adoraria saber o que vcs acham. BJs

Fonte: NAVARRO, R.
A Cama na Varanda.

A roupinha azul para o menino e a rosa para a menina inauguram as diferenças marcantes que a partir de então a sociedade vai delinear. Os bebês meninas são mais carregados no colo que os bebês meninos. Os pais são mais vigorosos e violentos ao brincar com os meninos. Isso tem um resultado imediato: as meninas são menos agressivas que os meninos. Espera-se que seja assim. As meninas ganham bonecas, panelinhas e casinhas, enquanto os meninos recebem presentes como carrinhos, armas, bolas de futebol. Se um menino gosta de brincar com as meninas de casinha, fazendo comida para as bonecas, raros são os pais que não se afligem. Imediatamente, sugerem que ele vá brincar com coisas de menino (depois ninguém entende por que os homens não ajudam no trabalho doméstico). Espera-se que as meninas sejam gentis, meigas, delicadas, fechem as pernas ao sentar e não falem palavrão. Caso contrário, são logo repreendidas com severidade: "Isso não são modos de uma menina."
Juan Carlos Kusnetzoff, no livro A mulher sexualmente feliz, relata uma pesquisa realizada em Montevidéu, demonstrando que a mulher, desde a idade escolar, não pode dispor do mesmo espaço físico que o homem. Há uma limitação de seus movimentos e, além disso, ela não tem o poder de dispor sobre o seu tempo livre. O comportamento de meninas e meninos do ensino básico foi observado no próprio ambiente de estudo e recreação. Os meninos acusavam as meninas de egoístas, de não emprestar seu material escolar. As meninas concordavam com isso, alegando que os meninos são grosseiros, agressivos, e que se apropriam do material delas. Isso ocorre desde os primeiros dias de aula do primeiro ano, o que deixa claro os valores e as expectativas que as meninas trazem de casa.
"O material é extensão do corpo da menina e mesmo nessa tenra idade ela sabe que não deve emprestar (o material e o corpo) aos colegas do sexo oposto. 'Eles querem apenas isso.' 'Querem só usá-las.'" As meninas perdem o material escolar com muito menos freqüência que os meninos e, para eles, os pais o repõem com mais rapidez.
"Como se pode ver, numerosos e significativos padrões já estão sendo assimilados e fixados nessa idade: o sentido de posse e de cuidado; a responsabilidade pela perda; a diferenciação no que se refere aos mesmos valores em relação ao sexo oposto; a possibilidade de movimento e conquista de espaço."

As professoras costumam sentar os meninos junto das meninas, alegando que a menina, mais atenta, mais disciplinada e boazinha, acalma o menino, sempre inquieto e impulsivo. "Ou seja, desde pequena, a mulher cuida do homem, limitando os movimentos dele e limitando-se."
Em alguns países, é no uso do uniforme tipo avental que essa ideologia se evidencia mais dramaticamente. Os meninos usam uniforme abotoado na frente, enquanto o das meninas é pregueado, com um laço e botões atrás. Isso faz com que as meninas precisem de ajuda para vestir, abotoar, desabotoar e despir o avental. "Pode ser que esse costume não vigore em muitas regiões ou grupos sociais, hoje em dia, mas serve para exemplificar como se transmite a ideologia. (...) O avental das meninas é o princípio em que se acertam e se aperfeiçoam a opressão e dependência."
As meninas devem sempre recorrer a alguém que as ajude. Mas a situação se torna realmente trágica e ridícula na hora do recreio, quando costumam ir ao banheiro. As meninas invejam a rapidez e comodidade dos meninos, que dispõem de mais tempo de recreio e diversão, esperando até o último momento para ir ao banheiro, enquanto elas se vêem atrapalhadas e freadas por aquela roupa. "Esses conceitos de tempo e espaço, assimilados em criança, vão evoluir no psiquismo com conseqüências na sexualidade adulta."

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sereias da Rive Gauche

Vange Leonel estréia peça sobre lésbicas dos anos 20

MARCELO RUBENS PAIVAda Folha de S. Paulo
No teatro ou no cinema, o homossexualismo é o tema da vez. Autores elegem personagens gays para conduzirem suas tramas, muitas delas salientando a discriminação e a intolerância que sofrem aqueles que têm a opção sexual pelo mesmo gênero.
Desta vez, sete personagens lésbicas estarão no palco do Centro Cultural São Paulo para dar vida à peça "As Sereias da Rive Gauche", da cantora e escritora Vange Leonel, 37.Vange começou a carreira com a banda de rock Nau. Investiu numa careira solo, emplacando a música "Noite Preta", em 91. Viveu uma superexposição e teve os conflitos de praxe com uma grande gravadora, que exigia um trabalho mais comercial e a desencorajava a assumir publicamente sua opção sexual.Mas foi escrevendo uma coluna em uma revista voltada para o público gay e publicando o livro "Lésbicas" (Planet Gay Books) que ela amadureceu sua militância, seguindo os preceitos da luta para neutralizar o preconceito: orgulho e visibilidade.Para homenagear (orgulho) e recuperar a história (visibilidade) de lésbicas notórias, como as escritoras Djuna Barnes ("Almanaque das Senhoras") e Radclyffe Hall ("O Poço da Solidão"), Vange escreveu o espetáculo "As Sereias da Rive Gauche".
A peça se passa em Paris, nos anos 20, em torno do grupo criado por Natalie Barney, uma rica americana confidente de Proust, que dava festas e organizava sarais em que iam Pound, Mata Hari, Gertrude Stein, Rodin e outros.O fio condutor da peça é o romance entre duas mulheres, a censura, em 1928, do livro "O Poço da Solidão" e o andamento do julgamento de sua proibição.
A peça é dirigida por Regina Galdino, e o cenário é inspirado no movimento cubista. O figurino foi entregue a sete figurinistas brasileiros (Lino Villaventura, Lorenzo Merlino, Jeziel Moraes, Estela Alcântara, Raquel Centeno, Caio Gobbi e Mário Queirós), já que cada uma das personagens vestia roupas de diferentes figurinistas _Djuna Barnes vestia Chanel, por exemplo.

Espetáculo: As Sereias da Rive Gauche
Quando: de hoje a 20 de julho (ter., qua. e qui., às 21h30)
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3277-3611)
Quanto: R$ 12
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u1301.shtml

sábado, 3 de janeiro de 2009

Der wunder Weg


Lú, obrigada pelos Los Hermanos.



Me sensibilizou.

o sábado claro, quente, nublado, silencioso.

o dia expandiu-se em mim


Sem que eu percebesse

abrindo as portas, soprando aqui dentro

descortinou o coração

aquele envolvido

no veludo do teatro


Faz-me quase chorar

Ver-me assim apaixonada

novamente pelo respirar

após longo deserto


abriu o zíper

de todo o meu corpo

agradeço.

pior do que sentir tudo

é sentir nada


dura rocha fincada no peito

pesada durante tanto...


ufa. volto a mim.

O caminho que me pertence

novamente marco teu chão

pressiono tuas folhas

lentamente


com pés de ballet

dançando e ouvindo

os raios clareiam

as folhas planando


aprendi a voar com elas!


Cá estou.

puro sentimento

de prazer


Nada me dói

ou me tranca.

derrubado o grande muro

cujas expessa parede

me protegia: do bem e do mal

invicta


virgem

ávida por amante,

por tutores.


que bela fase que recomeça