sábado, 19 de novembro de 2011

Sentir

O sentir extrapolou o peito e tive que parar tudo para escrever aqui. Escrever tem que ser assim, é quando não cabe aqui dentro, tem que sair.
Qual não foi minha surpresa ao ver que tinha 13 comentários a "serem moderados" Eu tinha comentário feito desde janeiro desse ano! E eu pensando que ninguém lia meu blog...Vou cancelar essa moderação de comentários já!
Bem, comentários liberados e vamos ao que interessa.
O que interessa é que um combustível chamado paixão começou a movimentar tudo aqui por dentro. Máquinário enferrujado e empoeirado que estava no galpão de repente inicializa os trabalhos. Traz matéria de um lado, processa, transforma em luz, em cor, em música. Produz calor, derrete geleiras e expande sensações.
Meu porto vazio há tanto acaba de receber a embarcação mais esperada de todas e a despejar seus tripulantes no território recém-conquistado. Atracada delicadamente. Marinheiros que chegam falando idiomas outros, fazendo contato com a população nativa e adentrando a cidade.
Alguns citadinos encantados e curiosos, enquanto outros mais tradicionais e antigos olham com desconfiança e prudência. Que bandeira é essa que carrega a nau?

sábado, 1 de outubro de 2011

Sobre o Medo - parte 1

Olá, hoje falarei de um tema que tem aparecido constantemente nos papos com os amigos e nas minhas conversas internas: MEDO.

Todos sabem o que é medo porque TODO mundo já sentiu. Desde o medo da bronca da mãe por ter quebrado o vaso de flores correndo em casa até o medo de perder o emprego. No fundo o medo é só um: MEDO DE MORRER. Se você não tiver aprovação social, será difícil sobreviver, pois você tem que ganhar dinheiro e ter uma reputação boa. Sua reputação será medida a partir das vitórias nas escola, faculdade, trabalho; a partir do nível de confiança que se pode depositar em você nos relacionamentos familiares, pessoais e profissionais e a admiração que você desperta em todos os ambientes.

O medo é moral. Quem não tem moral, não tem nada. Na roma antiga havia a morte "social". Se o sujeito fosse descoberto praticando algum delito como mentir em público para ganhar vantagens e coisas do tipo, o Estado lhe "mataria socialmente", ele perdia a moral. Era dado uma certidão de "óbito" ao sujeito em vida e ele não existia mais. Era desconsiderado pela sua família e jogado na rua. Geralmente morria sozinho no ostracismo corroído pela culpa e pela vergonha.

O medo serve para nos "manter na linha", pois apesar de sermos racionais, temos impulsos e pensamentos fora da lei em momentos de raiva ou decepção. O medo nos mantém vivos ao nos fazer pensar duas vezes antes de atravessar a rua correndo, circular em ambientes ou com pessoas considerados "perigosos" ou antes de comer aquela comida muito exótica que o cheiro te embrulha o estômago.

Claro que existem personalidades viciadas no risco e na sensação de perigo, às vezes chega a ser uma característica auto-destrutiva, no entanto não quero entrar nesse ponto.

O caso é que crescemos ouvindo mais "NÃO" que "SIM" e crescemos medrosos. No meu caso, que sou mulher, nada pode. Quando se é criança, tinha que cruzar as pernas, estar sempre limpa, bem arrumada e muito educada enquanto meus primos estavam correndo e gritando ao redor da casa brincando. Se menina faz isso é feio. Os meninos sempre são mais incentivados a lutar, brigar, competir e se expor mais. Resultado, atualmente somos um exército de mulheres querendo ser donas do mundo e com receio de sermos consideradas vulgares, frias, feias, incompetentes e pouco competitivas. Mulheres tendem a considerar MUITO importante o que a sociedade pensa dela, ela tem grande necessidade de ser aceita e amada. O Homem só tem a necessidade de ter SUCESSO, o resto derivará daí.

Vou afunilar. Até que ponto o MEDO aprisiona artistas de criarem, executivas de galgarem postos maiores, cientistas de atestarem novas teorias e por aí vai. QUanto potencial desperdiçado pelo medo de se expor ou até mesmo pelo medo de DAR CERTO! Tem-se medo do poder pessoal e toda a realização e evolução que ele nos traria. Com isso desconsideramos ideias brilhantes, achamos que abrir um negócio é loucura, que aprender um instrumento não é pra mim e pelo MEDO de se destacar vamos murchando. Murchando e desviando essa pulsão criativa para a vontade de emagrecer, de ter um corte de cabelo moderno, uma bolsa estilosa, o esmalte da moda, enquanto nossos dentes rangem a noite com vontade de abocanhar o mundo. O coração dispara pelo amor dito impossível, as mãos inquietas doidas por produzir e a ansiedade não acaba nunca! Não é a toa que a depressão ataca mais mulheres que homens. É uma prisão interna grande, muita auto-censura e baixa auto-estima.

Uma vez conheci um sujeito na porta de um bar e ele automaticamente começou a cantar todos os seus talentos. Claro que eu não acreditei em nada do que ele falou, mas fiquei dando atenção. Depois de uns 15 minutos olhei pra ele e disse "Sabe o que mais me admira nos homens? A Auto confiança". Traduzindo "a falta de auto crítica". Nos casos extremos, você aquele cara com a barriga enorme, bêbado e quebrado na porta do bar se sentindo o homem mais desejado do lugar cantando todas que passam.
Não me recordo o dia que ouvi uma mulher cantando suas vitórias e habilidades sexuais (homens ADORAM dizer que são O CARA na cama) por mais que elas tenham motivos de sobra para assim o fazer. No inconsciente fica aquela vozinha dizendo que ela é exibida e oferecida, portanto vulgar. Oras, se ela não se mostrar, ninguém saberá a importância que ela tem na sociedade e ela mesma não sabe que é tão importante assim.

Esse é o começo de uma reflexão e futuramente devo concluir o raciocínio. Aceito sugestões e novos medos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sobre "Meia noite em Paris"

Fui assistir o filme com o nariz torcido, não gosto do Woody Allen. Não vou com a cara dele e acho o fim do mundo quando ele atua nos próprios filmes. O ator principal desse filme agora tb não é lá essas coisas, tem cara de bobo e já fez muito besteirol americano.
Bem, mas o caso é que eu gostei do filme apesar de tudo isso. Me prendeu e entrei na fantasia da coisa. Me identifiquei com o Gil que vive no mundo da imaginação querendo recriar melhores mundos. Nos meus 18 anos eu tb queria viver na década de 1920 onde imaginava pessoas mais humanas, românticas, um mundo menos competitivo e mais lento. Pura fantasia.
Interessante como o roteiro ri da nossa cara de dizer que "antes" em "outro lugar" era melhor que aqui e agora. Eu estou numa fase ótima conseguindo estar em paz com o tempo presente e comigo. Não tem preço e dá uma sensação de satisfação sim. De harmonia interna e até de felicidade. Tudo está no lugar certo na hora certa.
Outro ponto do filme que gostei é um casal sem afinidade. Afinal, nem todo sexo bom é pra namorar. E pelo jeito, nem o sexo era tão assim. O personagem do Hemingway diz frases de efeito perfeitinhas para isso "o sexo é tão incrível que vc perde o medo da morte". É quando vc pensa "posso morrer agora". Ter essa combinação é uma sorte. Mesmo assim isso não é garantia de sucesso. Afinidade em outras áreas também é uma GLÓRIA!
O terceiro e último assunto é o medo que temos dos nossos sonhos, principalmente de realizá-los. Até onde a aprovação/desaprovação social nos guia ou nos atrapalha? Até que ponto aguentamos sermos taxados de "sem juízo" por querer algo que a grande maioria acha uma grande bobagem? E caí-se novamente no que é felicidade para cada um e como buscá-la. Talvez você não fique milionário seguindo seu coração, mas a sensação de apenas ser você e está de acordo com o que queres... é impagável.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Prelúdio

Foram seis meses de recolhimento necessários. Seis meses de inverno interno economizando energia, mudando de pele, de jeito, de pensamento, de sentimento. A paciência foi uma que me empurrou nesse processo aguardando por dias melhores. Dias melhores chegaram :-)
Faz três semanas que senti um ciclo se fechar e o prelúdio de novos e belos dias. A alegria, paz e confiança chutou a porta e foi se intalando nos cômodos da casa empoeirada trazendo luz, aromas e afetos e calor. Eu definiria o momento atual como FOGO, CHEIO, PERTO.
É fantastico poder me sentir completa novamente. De bem comigo, de bem com o mundo.
Essa é a reabertura do blog. Estou com ideias para umas crônicas e memórias. Aguarde.