sábado, 1 de outubro de 2011

Sobre o Medo - parte 1

Olá, hoje falarei de um tema que tem aparecido constantemente nos papos com os amigos e nas minhas conversas internas: MEDO.

Todos sabem o que é medo porque TODO mundo já sentiu. Desde o medo da bronca da mãe por ter quebrado o vaso de flores correndo em casa até o medo de perder o emprego. No fundo o medo é só um: MEDO DE MORRER. Se você não tiver aprovação social, será difícil sobreviver, pois você tem que ganhar dinheiro e ter uma reputação boa. Sua reputação será medida a partir das vitórias nas escola, faculdade, trabalho; a partir do nível de confiança que se pode depositar em você nos relacionamentos familiares, pessoais e profissionais e a admiração que você desperta em todos os ambientes.

O medo é moral. Quem não tem moral, não tem nada. Na roma antiga havia a morte "social". Se o sujeito fosse descoberto praticando algum delito como mentir em público para ganhar vantagens e coisas do tipo, o Estado lhe "mataria socialmente", ele perdia a moral. Era dado uma certidão de "óbito" ao sujeito em vida e ele não existia mais. Era desconsiderado pela sua família e jogado na rua. Geralmente morria sozinho no ostracismo corroído pela culpa e pela vergonha.

O medo serve para nos "manter na linha", pois apesar de sermos racionais, temos impulsos e pensamentos fora da lei em momentos de raiva ou decepção. O medo nos mantém vivos ao nos fazer pensar duas vezes antes de atravessar a rua correndo, circular em ambientes ou com pessoas considerados "perigosos" ou antes de comer aquela comida muito exótica que o cheiro te embrulha o estômago.

Claro que existem personalidades viciadas no risco e na sensação de perigo, às vezes chega a ser uma característica auto-destrutiva, no entanto não quero entrar nesse ponto.

O caso é que crescemos ouvindo mais "NÃO" que "SIM" e crescemos medrosos. No meu caso, que sou mulher, nada pode. Quando se é criança, tinha que cruzar as pernas, estar sempre limpa, bem arrumada e muito educada enquanto meus primos estavam correndo e gritando ao redor da casa brincando. Se menina faz isso é feio. Os meninos sempre são mais incentivados a lutar, brigar, competir e se expor mais. Resultado, atualmente somos um exército de mulheres querendo ser donas do mundo e com receio de sermos consideradas vulgares, frias, feias, incompetentes e pouco competitivas. Mulheres tendem a considerar MUITO importante o que a sociedade pensa dela, ela tem grande necessidade de ser aceita e amada. O Homem só tem a necessidade de ter SUCESSO, o resto derivará daí.

Vou afunilar. Até que ponto o MEDO aprisiona artistas de criarem, executivas de galgarem postos maiores, cientistas de atestarem novas teorias e por aí vai. QUanto potencial desperdiçado pelo medo de se expor ou até mesmo pelo medo de DAR CERTO! Tem-se medo do poder pessoal e toda a realização e evolução que ele nos traria. Com isso desconsideramos ideias brilhantes, achamos que abrir um negócio é loucura, que aprender um instrumento não é pra mim e pelo MEDO de se destacar vamos murchando. Murchando e desviando essa pulsão criativa para a vontade de emagrecer, de ter um corte de cabelo moderno, uma bolsa estilosa, o esmalte da moda, enquanto nossos dentes rangem a noite com vontade de abocanhar o mundo. O coração dispara pelo amor dito impossível, as mãos inquietas doidas por produzir e a ansiedade não acaba nunca! Não é a toa que a depressão ataca mais mulheres que homens. É uma prisão interna grande, muita auto-censura e baixa auto-estima.

Uma vez conheci um sujeito na porta de um bar e ele automaticamente começou a cantar todos os seus talentos. Claro que eu não acreditei em nada do que ele falou, mas fiquei dando atenção. Depois de uns 15 minutos olhei pra ele e disse "Sabe o que mais me admira nos homens? A Auto confiança". Traduzindo "a falta de auto crítica". Nos casos extremos, você aquele cara com a barriga enorme, bêbado e quebrado na porta do bar se sentindo o homem mais desejado do lugar cantando todas que passam.
Não me recordo o dia que ouvi uma mulher cantando suas vitórias e habilidades sexuais (homens ADORAM dizer que são O CARA na cama) por mais que elas tenham motivos de sobra para assim o fazer. No inconsciente fica aquela vozinha dizendo que ela é exibida e oferecida, portanto vulgar. Oras, se ela não se mostrar, ninguém saberá a importância que ela tem na sociedade e ela mesma não sabe que é tão importante assim.

Esse é o começo de uma reflexão e futuramente devo concluir o raciocínio. Aceito sugestões e novos medos.

2 comentários:

Luisa disse...

me identifiquei pois tenho os meus medos e não são poucos. -- o medo é uma merda.
e o tema desse mês num blog coletivo do qual participo é exatamente sobre MEDOS.
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o pior medo é o de viver plenamente mesmo.
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Tatá disse...

interessantíssimo o tema e ainda mais o seu ponto de vista!

na área da educação incentivamos o educando a se manifestar, errando o quanto for necessário e acertando quando possível.

o importante é experimentar!

o medo está presente quase sempre, e na medida em que fazemos, esse medo vai se ajeitando e a confiança vai chegando, até que o medo se vá.

claro que a cada nova empreitada esse medo reaparece, mas entendo que isso faz parte do nosso instinto de sobrevivência.

na corda bamba, que é a vida, entre pender para a esquerda e para a direita buscamos o equilíbrio.

o medo, para mim, é uma mistura dos sentimentos que acontecem entre o cair e o manter-se equilibrado.

obrigado pela oportunidade!